2 de setembro de 2014

Por que este encontro?

Não há um motivo apenas, mas podemos dizer que ele nos estabelece como criadores, nos estabelece como militantes e nos movimenta. Precisamos dizer que o poder público local hoje tenta nos massacrar. Tenta ocultar a nossa presença como se fosse possível apagar a própria história. Fazemos parte da construção cultural do Alto Tietê e aqui colocamos nossa bagagem e aqui temos o interesse de preservar nossas ações. Realizá-lo possibilita um reforço nesse enfrentamento e na nossa própria (re)existência. É para seguir o fluxo do rio, do diálogo com grupos periféricos, grupos que construíram sua identidade em cidades “ausentes”. Grupos que fortaleceram pesquisas em terras secas, que respiraram e saltaram as pedras do caminho. Olhamos para estes grupos artísticos e criamos juntos o assentamento simbólico. Este festival cria redes colaborativas, cria ponte e travessia, cria fortalecimento nas mesmas posições e no enfrentamento histórico com os poderes. Não é um festival apenas de atrações - embora também cumpra esta função – mas, sobretudo, um encontro de luta, de potência, de força, e acúmulo de energia. É também para criar demarcações e ocupação no próprio território em que vivemos. É para ocupar cantos da cidade e da região do Alto Tietê. É para fortalecer os grupos locais. Faremos este festival mesmo sem recursos, contando com a generosidade e o apoio de outros fazedores porque acreditamos na sua força. Queremos contribuir para o giro dos grupos. Queremos contribuir para que haja circulação para além das capitais. Queremos o encontro, porque em nós, é o grande sentido de fazer o que fazemos há tantos anos. O encontro é o que nos faz saltar. 

Cleiton Pereira, 
Contadores de Mentira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário